Últimas compras

Eu não comentei em muitos detalhes, mas acho que cheguei a mencionar que nós acabamos as compras "básicas" que precisávamos fazer para o apartamento. O último item foi o computador, e logo antes a TV.

Uma coisa interessante da pesquisa que fizemos para a TV foi a quantidade de marcas desconhecidas que encontramos, em geral asiáticas: TEAC, Akia, Omni, Awa etc. Essas marcas tipicamente eram bem mais baratas que as mais conhecidas (Sony, JVC, Panasonic etc.).

Acabamos comprando uma TV chinesa "genérica", ou seja, vendida com a marca da loja onde compramos (DSE, Dick Smith Electronics). É um modelo bem simples, 20 polegadas (51cm, na verdade), tela plana, sem muitas frescuras. Como a loja era aqui pertinho, trouxemos o aparelho para casa de táxi (tentamos trazer a pé, mas desistimos). Foi instalado com bastante facilidade na mesa recém montada para recebê-la, mas aí deparamos com um problema inesperado: ela não tinha antena. E, obviamente, não pegava nada.

Depois de um rápido passeio à loja de ferragens mais próxima, isso se resolveu. Na parede do apartamento existe um plug para a antena da TV (não é o mesmo da TV a cabo, é outro); comprei um cabo que encaixava ali, liguei na TV e voilà! Cinco canais apareceram na nossa TV: ABC, SBS, Seven, Nine e Ten. Não é exatamente uma grande lista de opções, mas é de graça...

Para comprar o computador, pesquisamos um pouco mais, olhei várias lojas online e offline, e acabei decidindo por uma lojinha de um chinês, a menos de 50 metros do nosso prédio. Comprei um computador bem razoável (Celeron 2.6Ghz, 256MB, 40GB de disco, CD-RW e DVD, monitor de 17", WinXP, modem e rede) por menos de 1000 dólares. De acessórios extras, precisamos comprar uma régua para ligar tudo, e ainda compramos uma impressora baratinha da Canon.

Depois disso tudo, consideramos o apartamento pronto para viver!

Apartamento

Mais alguns detalhes sobre características do apartamento onde estamos: nós não pagamos pela água nem pelo gás, mas pela energia elétrica sim. Antes de virmos para cá, tivemos que pedir que a energia fosse religada, e para isso tivemos que descobrir para quem ligar... Eletricidade, aqui, é privatizada, então existem várias empresas que prestam o serviço. Nós acabamos olhando as páginas amarelas, e escolhendo mais ou menos às cegas. Contratamos uma empresa chamada AGL, que se anuncia como sendo barateira. Vamos ver... a conta vem só de três em três meses.

O apê também vem com manuais para todos os eletrodomésticos incluídos, além de informações gerais sobre o prédio. Temos aquecimento, e o interfone tem uma tela para mostrar quem está na porta. Para entrar no prédio usamos um cartão eletrônico, similar a um crachá (com leitor por proximidade). O elevador também usa o mesmo cartão, e só nos leva ao nosso andar. A porta do apartamento, pelo menos, tem uma chave normal.

Uma pessoa importante aqui, e que nos ajudou bastante ao trazermos os móveis para o apartamento, é o building manager, que se chama Sam. A função dele é mais ou menos a mesma de um zelador: inclui cuidar para que tudo funcione, limpar as áreas comuns, garantir que os moradores cumpram as regras, e assim por diante. Até onde pudemos ver, ele é o único funcionário do prédio.

Quando chegamos aqui, a nossa caixinha de correio já estava cheia de coisas; tudo "junk mail". Cardápios de restaurantes próximos, catálogos de lojas... mas foi bom, porque precisávamos disso mesmo. Ultimamente não tem mais chegado tanta coisa, claro.

Como eu mencionei anteriormente, o apartamento pega sol na parte da manhã, o que faz com que acordemos em um quarto bastante iluminado (as persianas não escurecem muito), mas isso não tem incomodado. A nossa vista é bem "aberta", não há prédios altos muito próximos ao nosso, mas é dominada pela Melbourne Central Tower, um prédio de uns 60 andares que fica a uns 100 metros daqui.

Feira

Não muito longe daqui fica o Queen Victoria Market. Para quem é de Porto Alegre, dá para descrevê-lo como sendo uma mistura do Mercado Público com o Brique da Redenção, só que umas dez vezes maior. Tem *muita* coisa lá, e muita gente, especialmente em domingos de sol.

Ele é bem dividido em três áreas: uma tem frios, carnes e produtos similares (queijos, vinhos, conservas...); a outra é feira, mesmo, com frutas e hortaliças; e a outra é similar ao Brique, com antigüidades, artesanato, pedras preciosas e coisas assim.

Os preços das hortaliças e frutas não são tão bons assim, comparando com os do supermercado; ficam muito próximos, e freqüentemente o supermercado é mais barato. Mas se consegue coisas baratas lá, e temos feito compras lá com alguma freqüência (principalmente a Cris).

Falando em compras (mas sem nada ver com a feira), outro dia, nos supermercado, eu descobri que aqui tem Quick (aquele pó para colocar no leite) em vários sabores que não tem no Brasil: mel, baunilha, laranja e banana foram os que mais me chamaram a atenção. E isso me lembrou de uma coisa... alguém mais se lembra da época em que existia Toddy de banana? Foi muito tempo atrás, na época em que Toddy não dissolvia direito em leite frio. Alguém confirma, ou é imaginação minha?

Sotaque

O inglês australiano tem suas peculiaridades... No Brasil, a gente está mais acostumado ao inglês norte-americano, o que é normal. Então, uma das coisas diferentes aqui é que o inglês é mais britânico (apesar do nosso futebol se chamar "soccer"). Por exemplo, "schedule" não se pronuncia "skédul", mas sim "shédul". Também há aquelas coisas que quase todo mundo sabe, como usar "centre" ao invés de "center" (mas pronunciar do mesmo jeito). E tem palavras que são diferentes, ou que se usa diferentemente.

Por exemplo, fila aqui é queue, e não line. Pimentão não é bell pepper nem green pepper, é capsicum. Catchup é tomato sauce. Cadeia não é jail, é gaol, mas se lê como jail, mesmo. Similarmente, camiseta de times de futebol é guernsey, mas se lê como se fosse jersey.

Ah, e muitas abreviações são usadas... o capsicum ali de cima freqüentemente aparece como "caps". Footbal vira "footy", registration (de carros) vira "rego" (pronunciado com um g suave, como se fosse j), afternoon vira "arvo", mosquito vira "mozzie" e assim por diante. Lógico que quem vem da terra do refri, do findi e do níver não pode reclamar disso.

E tem o sotaque. Varia bastante, e parece ser mais forte em quem vem do interior do país, mas é perceptível em quase todo mundo. As vogais são pronunciadas de uma maneira diferente, que (para mim) é quase impossível escrever. O "a", em palavras que nos EUA tem som de "ei", aqui acaba soando como "ai". Por exemplo, "organisation" soa mais como "organisAItion". O "o" aberto (como em "ok") fica, hmmm, bem diferente. E, não sei se isso é comum em outros lugares, palavras terminando em "a" seguidas por uma palavra que comece por vogal ganham um som de "r" no fim. Algo como "AustraliaR advanced to the finals...", "MassaR is a little faster than Sato" etc. Não sei se isso é uma regra, ou sequer se as pessoas fazem isso conscientemente...

Um pouco é questão de hábito, mas quando a gente encontra alguém com sotaque mais forte, é difícil de entender. Vale dizer que ainda é mais fácil do que entender o sotaque de muitos dos orientais que a gente encontra; no geral, o sotaque australiano acaba sendo minoria...

E uma coisa não tão relacionada a sotaque... como é estranho ouvir "em inglês" nomes que a gente pronuncia diferente, não? Exemplo: "Adidas", aqui, soa como "Édidas". "Palmolive" é "palmolaive"; "Colgate" é "colgueit"; "Levi's" é "livais". E assim por diante.

Claro, tudo muito natural, mas soa muito estranho na primeira vez que se ouve.