Hoje, 26 de janeiro, é Australia Day, o feriado nacional australiano sobre o qual eu escrevi no ano passado. Uma coisa sobre a qual eu não lembrei de escrever é uma tradição interessante: a escolha do Australiano do Ano.

O prêmio existe desde 1960 e é apresentado pelo Primeiro Ministro, no dia anterior ao feriado, ao australiano ou australiana que mais se destacou no ano que passou através da sua contribuição à sociedade australiana. Em 2005, a ganhadora foi Fiona Woods, uma médica de Perth que é conhecida mundialmente por haver inventado uma "pele em spray" usada no tratamento de vítimas de queimaduras. Ontem foi, de novo, um médico, Ian Frazer, de Brisbane (mas nascido na Escócia), pela invenção da vacina contra câncer cervical.

Existem outras categorias, também: o Jovem Australiano do Ano (entre 16 e 25 anos; a ganhadora foi a viúva de um jogador de futebol australiano que morreu no tsunami de 2004, pelo trabalho na reconstrução de escolas na Tailândia), Australiano Idoso do Ano (acima de 60 anos; a ganhadora foi uma enfermeira aborígine que sempre trabalhou junto à comunidade nativa) e Herói Local (alguém com uma contribuição local, não nacional, mas que se destacou; a ganhadora foi, curiosamente, também uma enfermeira, por haver denunciado um médico que estava matando pacientes em Queensland).

O prêmio é levado bem a sério, e dezenas de milhares de pessoas costumam comparecer à cerimônia, em Camberra. A escolha dos premiados se dá a partir de indicação popular: um júri em cada estado analisa as sugestões do povo e escolhe um finalista do Estado, e um júri nacional escolhe o ganhador para cada categoria. Qualquer cidadão australiano com mais de 16 anos pode ser indicado.

Ganhadores anteriores incluem Cathy Freeman, medalha de ouro nos 400m nas Olimpíadas de Sydney (foi Australiana do Ano em 1998 e Jovem Australiana do Ano em 1990) e Paul Hogan, ator ("Crocodilo Dundee"), entre vários outros (há um bom número de esportistas e médicos entre os ganhadores). É uma turma bem eclética.