Ontem, assisti um pedacinho de um documentário sobre os diabos-da-tasmânia na ABC, um dos canais de TV estatais daqui. Esse animal ("Tasmanian devil" em inglês) é a inspiração para o Taz, aquele personagem mal-humorado dos desenhos animados do Pernalonga.

Vendo o documentário, ficou claro que o personagem de desenho é uma boa representação do animal real. Ô bichinho enfezado! Mostraram cenas de dois machos brigando por uma fêmea, e a briga não é muito diferente daquele "redemoinho" em que o Taz se transforma quando irritado. E, depois da briga, o ganhador ainda tem que brigar com a fêmea, para provar que é "digno", e arrastá-la para dentro da caverna a força. Nada romântico.

Eles se alimentam basicamente dos restos de animais mortos (são carnívoros), e eles comem tudo, inclusive pelagem e ossos. Um grupo de diabos-da-tasmânia devora completamente um canguru em poucas horas, em um processo audível a quilômetros de distância (eles não são muito gentis com seus colegas).

O diabo-da-tasmânia, como muitos dos animais australianos (e alguns dos sul-americanos), é um marsupial. Isso quer dizer que os filhotes "nascem" depois de poucos dias de gestação, e terminam de se desenvolver em uma bolsa externa. O documentário mostrou cenas do nascimento de um filhote, e é algo impressionante. O animal adulto é um pouco maior que um gato e pesa de 10 a 12kg, e o filhote nasce com algo como 1 centímetro de comprimento; parece mais uma larva do que qualquer outra coisa. Daí o filhote se arrasta através do pêlo da mãe até a bolsa, uma viagem que deve ter uns 10 a 15 centímetros, se agarra em uma mama, e fica ali até ficar pronto (uns quatro meses, mais ou menos). A vantagem disso é que o parto é facílimo, já que o filhote é minúsculo.

Não é um animal que ataque humanos (até por causa do tamanho), mas tampouco é um animal agradável para se encontrar a noite em uma floresta. Pelo menos ele só existe na Tasmânia.