Continuando o assunto da última vez... peguemos, por exemplo, o jornal de hoje, 6 de dezembro de 2003.

Uma das principais notícias, também bastante comentada na TV ontem, é sobre o acordo para aprovação da reforma tributária. Esse é um assunto que merece vários textos, mas o básico é: por que é que, aqui, reforma de impostos sempre quer dizer aumento de impostos? O governo pode negar quanto quiser, mas o fato é que a reforma a ser aprovada é uma maneira de tirar mais dinheiro do contribuinte. Vejamos: prorrogação da CPMF (alguém lembra ainda o que é aquele P no nome?), fundo para compensar estados com perdas por causa de exportações (perdas? que perdas? não é bom quando as empresas exportam? não gera empregos, movimenta a economia?)... sem contar o aumento da Cofins, que saiu antes. E o país continua enrolado em uma malha incompreensível de impostos que afogam todo mundo.

Um pouco mais adiante, curiosamente ainda no assunto impostos, temos uma matéria sobre o aumento inesperado do IPVA no RS esse ano. Mesmo com a desvalorização dos automóveis de um ano para o seguinte, as pessoas estão pagando mais neste ano do que no ano passado pelo mesmo carro. A explicação é que o governo mudou a forma de avaliar o valor dos carros...

Depois, temos o caso do MST, que comprou uma área de terras em São Gabriel vizinha à fazenda cuja desapropriação foi anulada pela justiça e que eles pretendiam ocupar. Só que eles compraram "anonimamente", sem dizer que eram do MST, e ainda divulgaram que o vendedor tinha feito isso para ajudar o movimento. Agora o vendedor quer anular o negócio. Só um detalhe... se eles compraram terras, não são mais sem-terras, não ? E se eles tem dinheiro para comprar terras, por que não compram para assentar pessoas ?

Nas páginas policiais, temos a notícia de que a mulher acusada de matar crianças em rituais satânicos foi absolvida, no Pará. Não é isso que me deixa indignado, no entanto, e sim a reação das pessoas. Lógico que não se pode esperar uma reação racional de pessoas envolvidas, como por exemplo os pais das vítimas, mas pessoas mais neutras estão agindo de forma a desacreditar o sistema judiciário. Por exemplo, um padre se declarou "envergonhado" com o resultado. Só que, se um júri disse que ela é inocente, ela é inocente; legalmente, não há provas contra ela, e ela não pode ser tratada como culpada. Um padre, mais do que ninguém (exceto talvez advogados), deveria entender esse conceito. O absurdo maior é que advogados de entidades de defesa dos direitos das crianças dizem que isso acontece porque júris são formados por leigos em Direito, que julgam com base na emoção. Bom, o que é que eles queriam? Um julgamento feito apenas por advogados e juízes? E eles se dizem advogados? Deprimente.

E eu poderia continuar por bastante tempo ainda... essas foram só as matérias mais chamativas. Escondidas nos cantos de página ainda existem muitas outras notícias do gênero.

Acho que o jeito é cancelar a assinatura do jornal.